Operação de Risco só serve para promover polícia de Serra

Posted by Ruan Carlos | quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010 | Category: |


Polícia prende suposto traficante em Operação de Risco (Reprodução da TV)
Polícia prende suposto traficante em Operação de Risco (Reprodução da TV)
Justamente na semana em que foram divulgados dados mostrando que, após dez anos, a taxa de homicídios no Estado de São Paulo voltou a subir, estreou na Rede TV! um pseudo-reality show chamadoOperação de Risco.
O primeiro episódio, na última segunda-feira, prometeu mostrar que a polícia paulista tem “estratégia”, está em constante “guerra contra as drogas” e sempre pronta para “dar fim à quadrilhas”, “desmontar facções criminosas” e “combater a pirataria”. Uau! Deu até vontade de sair às ruas com um Rolex no pulso e um laptop na mão.
Carro e distintivo de grupo da polícia reforçam o caráter promocional de Operação de Risco (Reprodução da TV)
Carro e distintivo de grupo da polícia reforçam o caráter promocional de Operação de Risco (Reprodução da TV)
O programa não faz a mínima questão de mostrar algum censo crítico ou de esconder que não passa de um grande comercial das Polícia Civil e Militar de São Paulo – um comercial com 25 minutos de duração. Tanto que é apresentado por um delegado.
Os propósitos da exibição deOperação de Riscoficaram ainda mais claros na edição do Superpop que o sucedeu. Sob o pretexto de discutir os bastidores das operações policiais, Luciana Gimenez recebeu o número um da Polícia Civil (o delegado-geral), o comandante da Polícia Militar, o secretário de Segurança Pública e, por fim, o “nosso querido governador José Serra”, nas palavras da apresentadora. Na plateia, só havia policiais – ou “só homem fardado”, de acordo com Luciana. O que se viu foi mais promoção à fantástica Segurança Pública paulista. Constrangimento? Nem quando a apresentadora perguntava se as autoridades tinham gostado do novo cenário do Superpop.
Delegado narra operação de combate ao tráfico em favelas de SP (Reprodução da TV)
Delegado narra operação de combate ao tráfico em favelas de SP (Reprodução da TV)
Operação de Risco, na verdade, é um programa produzido originalmente para a Globo. Em 2008, a emissora encomendou e pagou a uma produtora independente paulista por 13 episódios. O programa iria se chamar Força-Tarefae seria exibido às quintas, após o seriado que vem logo após A Grande Família. O bom-senso levou a Globo a devolver o material e dar destino mais nobre ao título Força-Tarefa – um seriado policial.
Não foi à toa que a Globo se negou a exibi-lo. O programa é muito ruim. Em 2008, executivos da Globo expuseram dois argumentos para reprovar o programa: o material era muito chapa-branca e, por mais que seus profissionais tenham tentado (até um rapper fez piloto como apresentador, em um esforço de contrapor o conteúdo pró-polícia), não conseguiram dar a ele um formato que escapasse do infomercial com linguagem de Aqui Agora (a câmera “nervosa”, do cinegrafista que pega carona em carro de polícia e que corre atrás do policial, que por sua vez,  corre atrás do suposto bandido).
Após Operação de Risco, José Serra foi ao Superpop falar do trabalho da polícia (Reprodução da TV)
Após Operação de Risco, José Serra foi ao Superpop falar do trabalho da polícia (Reprodução da TV)
Pode-se argumentar que Operação de Risco tem alguma utilidade ao mostrar bastidores de operações policiais. OK, mas o problema é que as operações mostradas na estreia foram de relevância zero. A principal era uma ação de um grupo de elite da Polícia Civil contra traficantes em favelas da zona sul de São Paulo, narrada pelo delegado que a comandava. O programa vendeu a operação como uma “guerra contra as drogas”. Bobabem. Os policiais não prenderam um único traficante importante. Só pegaram “aviões” (adolescentes que servem de elo entre o usuário e o fornecedor de drogas) e supostos “noias” (dependentes que ficam rondando a “boca”). Enfim, Operação de Risco só tem uma utilidade. A de promover a polícia de José Serra neste ano de eleições, mostrando a instituição como eficiente e enérgica, mas sem a truculência que muitos conhecem.

Com Informações do Daniel Castro do R7

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