Com menos ídolos, seleção “cria” novos alvos para publicidade na Copa

                                                

Com a ausência de jogadores emblemáticos como Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo, as empresas estão tendo mais trabalho para achar personagens para suas propagandas vinculadas à Copa do Mundo, e jogadores como o goleiro Júlio César, o atacante Luís Fabiano e até o técnico Dunga estão dividindo espaço e cotas de patrocínio com nomes consagrados como Kaká.

Antes da Copa de 2006, Ronaldinho foi o grande astro das campanhas publicitárias visando o Mundial, mas neste ano a porção das propagandas deve ser melhor distribuída entre os atletas, devido à dificuldade de se achar uma personalidade destacada, como destacou o publicitário Fábio Wolff, da Wolff Sports & Marketing.

- Sem dúvida está mais difícil. Na Copa passada a gente tinha uma seleção “mágica”, que pregava o futebol arte, e nesta é bem diferente. É, nas próprias palavras do Dunga, uma seleção copeira. É o oposto do time de 2006.

Até agora, Robinho, Júlio César, Luís Fabiano e Dunga têm sido os principais alvos das campanhas publicitárias dos parceiros da seleção e companhias externas, mas Wolff vê a possibilidade de Kaká ser o maior expoente das empresas, embora ele normalmente apareça em quantidade menor do que outros craques mundiais do seu calibre, como o português Cristiano Ronaldo, por exemplo.

O meia do Real Madrid é um bom alvo principalmente se a marca quiser associar sua imagem à família, pela conduta do jogador e a imagem de bom moço que ele mantém com o público. Para Wolff, o surgimento de um “garoto-propaganda” goleiro em um país no qual o ataque e a habilidade são mais importantes que a defesa é fruto da personalidade marcante de Julio Cesar, opinião compartilhada pelo presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Propaganda), Luiz Lara.

- Isso mudou. O goleiro se tornou importante. Você vê o peso do Rogério Ceni no São Paulo. O Julio Cesar é muito importante. Tudo bem que o charme aqui é o atacante, mas investir em personalidades também é bom, e ele é uma personalidade.

Atualmente, Julio Cesar participa da campanha da Brahma ao lado de Dunga e Luís Fabiano. Robinho é astro de outra propaganda de um patrocinador da CBF, a Seara.

E os Meninos da Vila?

Ambos os especialistas não veem perda do mercado publicitário pela não convocação dos santistas Neymar e Paulo Henrique Ganso, maiores sensações do futebol brasileiro na atualidade. Wolff acha que o fato de eles não terem uma posição no time titular atrapalharia o aproveitamento dos garotos em propagandas, enquanto Lara acredita que as empresas ainda podem utilizar a ausência deles para lucrar.

- Não representa uma perda, da até margem para fazer campanhas criativas com outros jogadores. O interessante é inserir uma personalidade esportiva com pertinência.

O presidente da Abap espera que o mercado publicitário cresça cerca de 12% em 2010 em função do ano “quente” com Copa do Mundo e eleições, mas ele diz que o viés nacionalista do Mundial não deve ser o mais explorado nas campanhas publicitárias.

- Faz parte da realidade brasileira gostar muito de futebol, e um monte de gente se torna verde e amarelo e vive um sentimento mais nacionalista, mas isso não pode explorado de forma exacerbada, porque vai soar exagerado.

O mercado da Copa do Mundo está movimentando até jogadores que não estão convocados para o Mundial. A operadora de telefonia celular Claro recentemente começou a patrocinar o Twitter do atacante Ronaldo, uma forma de concorrer com a Vivo, parceira da CBF.

Mesmo com a intensa disputa, o resultado final das peças publicitárias só deve sair após o Mundial, e será diretamente ligado ao resultado brasileiro. Em 2006, depois de fracassar na Copa, Ronaldinho Gaúcho parou de aparecer na televisão, testemunhando um cenário muito diferente dos quase dez comerciais que protagonizava simultaneamente antes do torneio.

Fonte:R7