Em 'maratona vocal', presidenciáveis adotam cuidados com garganta

Posted by Ruan Carlos | sábado, 29 de maio de 2010 | Category: |


Na corrida acelerada em que se transformou o período de pré-campanha eleitoral, o primeiro sinal de cansaço foi dado pelas gargantas dos pré-candidatos à Presidência da República. Em meio a uma agenda intensa de entrevistas, discursos e viagens, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) reservam tempo para fazer exercícios vocais e se cercam de cuidados para preservar a fala, instrumento fundamental na disputa.
Dilma, Serra e Marina
ex-ministra Dilma Rousseff aproveita os intervalos entre compromissos - seja no carro ou no avião - para fazer exercícios vocais recomendados pela equipe da jornalista Olga Curado, consultora de imagem que a assessora, e por seu fonoaudiólogo.
A preocupação com a voz surgiu no ano passado, quando, em decorrência da quimioterapia a que se submeteu para tratar um câncer no sistema linfático, teve efeitos colaterais de ressecamento na garganta e na boca. Desde então, passou a ser acompanhada por um especialista e utiliza spray de hidratação e soro fisiológico constantemente.
Preocupado com a voz, Serra chegou a interromper, recentemente, um discurso e uma entrevista para tomar água - uma das principais recomendações dos fonoaudiólogos é a hidratação, que lubrifica as pregas vocais.
Entre um deslocamento e outro para cumprir os compromissos da agenda, faz exercícios até no carro. “Campanha não é andar pelo Brasil, é falar pelo Brasil”, resume, ciente de que, até o primeiro turno, serão mais quatro meses de maratona vocal.
Além dos exercícios e da água, entram ainda na lista de medidas tomadas pelo tucano um certo “pó japonês” que seu acunpunturista teria recomendado e mel. Outras receitas não faltam. No meio de uma entrevista em que a voz lhe falhou, recebeu a recomendação de comer maçã por ser “adstringente”. “Meu problema é gripe e alergia. Ar-condicionado também me faz muito mal”, diz o ex-governador.
A queixa tem fundamento. Para os especialistas, mudanças bruscas de temperatura, como sair de lugares abertos com temperatura elevada e entrar em ambientes fechados com ar-condicionado irritam a garganta. Nesse caso, falar em “maratona vocal” não é força de expressão.Formada por músculos, as cordas vocais precisam de treinamento de resistência e flexibilidade e de aquecimento, alertam os especialistas. O preparo deve ser feito no mínimo dois meses antes do início da pré-campanha e inclui ainda exercícios para coordenar a respiração com a fala.
“É como uma pessoa que está se preparando para uma maratona e faz um treinamento com personal trainer. Um jogador de futebol faz aquecimento antes de entrar em campo porque, se não fizer, está mais sujeito a ter lesões. Com a laringe é a mesma coisa”, explica a fonoaudióloga Ingrid Gielow, doutora em distúrbios da comunicação humana e responsável pelo departamento de voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
Marina faz ‘uso sustentável da voz’
Estampados pelas vozes roucas, os problemas de voz e garganta até viraram assunto de discursos e entrevistas. Defensora da sustentabilidade, Marina Silva passou a brincar com a inflamação que teve na laringe. Ao iniciar o discurso no lançamento de sua pré-candidatura, no Rio de Janeiro, disse que iria adotar um “uso sustentável da voz”: "Dizem que minha campanha tem que ser 'viral'. Concordamos inteiramente, mas não precisa ser viral na garganta.”
Antes disso, a senadora do PV passou por problemas maiores. Na primeira sabatina com os três presidenciáveis, realizada no início do mês em Belo Horizonte, Marina, gripada e rouca, falou por cerca de uma hora. Ao microfone, se explicou dizendo que, se não comparecesse, diriam que ela estava “fugindo do debate”.
Depois do esforço feito no evento, a saída foi repousar. Ela acabou cancelando uma viagem a Porto Alegre, prevista para o dia seguinte, para tratar do processo inflamatório que já durava quase uma semana. Marina tem se consultado com uma fonoaudióloga e evita tomar água ou suco gelados. Além disso, devido a alergias, mantém alimentação “quase monástica”, segundo define o coordenador de sua pré-campanha, Alfredo Sirkis.
Os cuidados da senadora com a alimentação – ela evita frituras e alimentos condimentados – ainda que não se devam aos cuidados com a voz, mas sim a problemas anteriores, ajudam a evitar gastrites, que podem causar problemas na garganta. O refluxo pode levar suco gástrico até a laringe e inflamar o tecido, diz o fonoaudiólogo Leonardo Lopes, especialista em voz.
Pesquisa analisou horário eleitoral na TV
Nas eleições de 2006, Lopes coordenou uma pesquisa sobre a fala dos candidatos a deputado estadual na Paraíba. O estudo, feito com base no horário eleitoral gratuito, apontou que 60% tinham alterações de qualidade vocal.
“Isso está associado ao período em que se comunicam muito. Tem convenção, comício, entrevista, tem a comunicação ao ar livre, com muito ruído, o que demanda um esforço maior”, diz.
Os pesquisadores compararam as falas dos candidatos com o que se espera de um político, segundo o fonoaudiólogo, uma voz mais expressiva, com pausas e ênfases bem marcadas e mais grave. “As vozes se alternavam entre roucas e tensas. A fala era esterotipada, com padrão de leitura, sem padrão de pausa, com gestos repetitivos ou sem gestos”, resume.
Fonte:G1

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